sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Qual órgão público municipal é você?




O som de seus passos duros ecoava no concreto frio da Avenida São João. Não havia nada além deles, correndo aflitos na calada da noite. Sua respiração ofegava, e era possível sentir seu sangue pulsar intensamente em suas orelhas. Seus cabelos esvoaçavam, junto com eles ia sua esperança.
São Paulo, agora, morria, sangrava e desfalecia aos seus calcanhares. Sua luta e sua fé de nada adiantariam se não encontrasse, justamente daquela vez, um jeito de fugir. Ele sabia que eles aproximavam, não por sons, mas pelo medo que percorria seu corpo quando delineado por suas lanternas.
Com as luzes ainda tocando suas formas, ouviu os passos pesados das botas de couro. Ele não sentiu quando o primeiro golpe de madeira lhe atingiu as costas; simplesmente caiu. Não por desistir, seu corpo, agora, não lhe pertencia mais. “Talvez isso seja bom”, pensou ele, “de que vale a carne, afinal?”. E esperou.
Os cabelos, antes molhados de suor, enruiveciam com o sangue que escorria por sua face. As costelas o incomodavam, assim como os joelhos, mas ao abrir os olhos, vislumbrou o céu por uma fresta no porta-malas do carro, e agradeceu. Degustou da própria força, e sentiu-se vivo, uma vez mais.
Arremessado no chão gelado, escorregando pelo concreto, deparou-se com uma obstrução em seu caminho natural. Apoiou-se e tentou se levantar, facilitando o trabalho deles. Os punhos unidos eram amarrados na barreira, localizada no meio do cômodo; o rosto de um deles ficou próximo ao seu. De todas as alternativas possíveis, ele escolheu a mais perigosa: encarou-o. Não seriamente, nem com raiva ou medo. Com um sentimento inesperado, até para ele: compaixão. O outro, assustado e indeciso com tal reação perdeu parte de sua armadura – se perdia sua identificação: General.
Esta seria a primeira vez que Nélson de Souza fugia da prisão, mas não da tortura, militar.

Idéias mal elaboradas não sustentam revoluções. Indague: pelo que vale a pena lutar? Pelo que vale uma revolução? Pelo que vale a repetição do levante de armas mais significativo da história do nosso País?
Justiça? Moradia? Assistência Social? Fome? Estudo? Liberdade? Acessibilidade? As causas são várias, as soluções poucas e a culpa fácil.
No entanto, o que você pode fazer em relação a isso?
Quantas pessoas, eu me pergunto, já se questionaram isso? X
Quantas destas, realmente, tinham a intenção de fazer algo a respeito? Y
Quantas destas tentaram tiveram dúvidas por onde começar? Z
Quantas destas buscaram soluções para os questionamentos? W
Quantas destas estudaram os Órgãos Públicos?

--- Quantos de nós, jornalistas, já vasculhamos o site da Prefeitura de São Paulo hoje?
Quantos sabemos as informações disponíveis nesta ferramenta pública? Quantos NUNCA haviam pensado nisso antes?
O preparo e organização são as armas disponíveis hoje. Transparência é direito e atitude é dever. Busque, organize e revolucione o seu bairro, por exemplo.

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