
Por THIAGO ERMANO
Desde o nascimento, a história do MST (Movimento dos Sem Terras) é marcada por lutas armadas, greves de fome e discussões - muitas vezes sem resultado - com representantes do governo.
Na década de 1980 o êxodo rural, a internacionalização do Brasil e o abandono dos trabalhadores do campo fizeram do MST ganhar força e ser visto de perto por muitos como radicais e indesejáveis por governos de direita, entidades de classes intelectuais e outros grupos, que mantinham o País nas mãos.
O movimento nasceu pelo cansaço e revolta de subexistir às margens do Brasil em evolução. Eram trabalhadores do campo que plantavam de tudo para o que viviam nas cidades. Chegava a hora de reagir e exigir o que a terra poderia lhes dar, além de comida: um título, um lugar próprio e que ninguém pudesse tirá-los do lugar onde sempre trabalhariam em prol do sustento.
A religião também ajudou nesse movimento social. Com a expulsão de muitas famílias em engenhos, a fome, o desânimo e a fé foram pontos marcantes para a busca de condições melhores para os pequenos agricultores campesinos.
Cinco anos depois, as condições sub-humanas em que viviam as famílias rurais - e que migravam cada vez mais para zonas urbanizadas, em busca de terras para tomarem posses - já eram discutidas no 1º Congresso Nacional dos Sem Terra.
O movimento conta hoje com cerca de 400 associações de produção, comercialização e serviços. São 49 Cooperativas de Produção Agropecuária, com 2299famílias associadas. O movimento mantém 32 Cooperativas de Prestação de Serviços com 11174 sócios diretos - duas Cooperativas Regionais de Comercialização e três Cooperativas de Crédito com 6521 associados.
UMA MANCHA NA HISTÓRIA DO BRASIL: O MASSACRE DE CARAJÁS
No dia 17 de abril de 1996, o 19 sem-terra foram executados pela Polícia Militar do Pará, após um confronto com 1500 ocupantes que estavam acampados na região. A ação campesina não era violenta, apenas marchava em protesto contra a demora da desapropriação de terras na região que nada mais produziam. A ordem para a ação policial partiu do Secretário de Segurança do Pará, Paulo Sette Câmara para que eles fossem retirados à força, desobstruindo a rodovia PA-150, que liga a capital Belém ao sul do estado.
Paulo Sette Câmara declarou depois do ocorrido que autorizara "usar a força necessária, inclusive atirar". De acordo com os sem-terra ouvidos pela imprensa na época, os policiais chegaram ao local jogando bombas de gás lacrimogêneo. Os sem-terra revidaram com foices, facões, paus e pedras. A luta estava armada...
Acuada pelo revide inesperado, a polícia recuou atirando. Além das 19 pessoas que morreram na hora, outras sessenta e sete ficaram feridas. Anos depois, outras duas morreram, vítimas das sequelas deixadas pelo confronto sangrento.
Segundo o legista Nélson Massini, que fez a perícia dos corpos, pelo menos 10 sem-terra foram executados. Sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes, como foices e facões.
O ministro da Agricultura da época, Andrade Vieira, encarregado pela reforma agrária, pediu demissão na mesma noite. O caso ganhou repercussão internacional, o que fortaleceu o ideal do movimento.
Ainda hoje a violência no campo tem ganhado destaque nas estatísticas da luta pela terra em todo o País. Só no ano passado, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, houve 1690 casos de crises no campo, envolvendo mais de um milhão de pessoas e resultando na morte de 73 agricultores. Os índices alcançados no primeiro ano do Governo Lula são os mais altos desde 1985.
VITÓRIAS E FRUSTRAÇÕES: 25 ANOS DE MST
O movimento de esquerda, que tem como objetivo a luta em defesa dos direitos camponeses chega aos 25 anos bem diferente de seu começo desbravatório. Mais politizado e, de certo, mais polido, perdeu espaço nas lutas sociais do País a partir de 2002, com a chegada de um dos principais militantes de esquerda do Brasil à presidência da república: Lula. Com os auxílios "sociais" concedidos pelo Governo Federal (como o Bolsa Família), a diminuição de acampamentos caiu drasticamente (quase 90% dos que buscavam um espaço já estão assentados) perdeu-se a razão de lutas mais agressivas em busca dos objetivos.
Uma pesquisa do Data Folha, de 1996, mostrou que para centenas de membros do MST, a razão para a entrada no movimento era atribuída a questões econômicas, ou seja, condições de pagar o que se come e onde se mora. Não que esse número signifique a Reforma Agrária brasileira. Segundo dados fornecidos pelo Governo Federal, entre 2003e 2007, 68,5% dos sem-terra foram assentados na Amazônia Legal. Bem longe das bases tradicionais das regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
A bandeira vermelha petista virou oposição para o MST. Segundo o professor da UNESP, Bernarndo Fernandes, "o papel atual do movimento é seguir lutando para o desenvolvimento a partir dos paradigmas que defendem o campo como lugar de vida, onde as pessoas possam produzir produtos saudáveis, recuperando ambientes degradados pela produção monocultura de grande escala".
Na década de 1980 o êxodo rural, a internacionalização do Brasil e o abandono dos trabalhadores do campo fizeram do MST ganhar força e ser visto de perto por muitos como radicais e indesejáveis por governos de direita, entidades de classes intelectuais e outros grupos, que mantinham o País nas mãos.
O movimento nasceu pelo cansaço e revolta de subexistir às margens do Brasil em evolução. Eram trabalhadores do campo que plantavam de tudo para o que viviam nas cidades. Chegava a hora de reagir e exigir o que a terra poderia lhes dar, além de comida: um título, um lugar próprio e que ninguém pudesse tirá-los do lugar onde sempre trabalhariam em prol do sustento.
A religião também ajudou nesse movimento social. Com a expulsão de muitas famílias em engenhos, a fome, o desânimo e a fé foram pontos marcantes para a busca de condições melhores para os pequenos agricultores campesinos.
Cinco anos depois, as condições sub-humanas em que viviam as famílias rurais - e que migravam cada vez mais para zonas urbanizadas, em busca de terras para tomarem posses - já eram discutidas no 1º Congresso Nacional dos Sem Terra.
O movimento conta hoje com cerca de 400 associações de produção, comercialização e serviços. São 49 Cooperativas de Produção Agropecuária, com 2299famílias associadas. O movimento mantém 32 Cooperativas de Prestação de Serviços com 11174 sócios diretos - duas Cooperativas Regionais de Comercialização e três Cooperativas de Crédito com 6521 associados.
UMA MANCHA NA HISTÓRIA DO BRASIL: O MASSACRE DE CARAJÁS
No dia 17 de abril de 1996, o 19 sem-terra foram executados pela Polícia Militar do Pará, após um confronto com 1500 ocupantes que estavam acampados na região. A ação campesina não era violenta, apenas marchava em protesto contra a demora da desapropriação de terras na região que nada mais produziam. A ordem para a ação policial partiu do Secretário de Segurança do Pará, Paulo Sette Câmara para que eles fossem retirados à força, desobstruindo a rodovia PA-150, que liga a capital Belém ao sul do estado.
Paulo Sette Câmara declarou depois do ocorrido que autorizara "usar a força necessária, inclusive atirar". De acordo com os sem-terra ouvidos pela imprensa na época, os policiais chegaram ao local jogando bombas de gás lacrimogêneo. Os sem-terra revidaram com foices, facões, paus e pedras. A luta estava armada...
Acuada pelo revide inesperado, a polícia recuou atirando. Além das 19 pessoas que morreram na hora, outras sessenta e sete ficaram feridas. Anos depois, outras duas morreram, vítimas das sequelas deixadas pelo confronto sangrento.
Segundo o legista Nélson Massini, que fez a perícia dos corpos, pelo menos 10 sem-terra foram executados. Sete lavradores foram mortos por instrumentos cortantes, como foices e facões.
O ministro da Agricultura da época, Andrade Vieira, encarregado pela reforma agrária, pediu demissão na mesma noite. O caso ganhou repercussão internacional, o que fortaleceu o ideal do movimento.
Ainda hoje a violência no campo tem ganhado destaque nas estatísticas da luta pela terra em todo o País. Só no ano passado, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, houve 1690 casos de crises no campo, envolvendo mais de um milhão de pessoas e resultando na morte de 73 agricultores. Os índices alcançados no primeiro ano do Governo Lula são os mais altos desde 1985.
VITÓRIAS E FRUSTRAÇÕES: 25 ANOS DE MST
O movimento de esquerda, que tem como objetivo a luta em defesa dos direitos camponeses chega aos 25 anos bem diferente de seu começo desbravatório. Mais politizado e, de certo, mais polido, perdeu espaço nas lutas sociais do País a partir de 2002, com a chegada de um dos principais militantes de esquerda do Brasil à presidência da república: Lula. Com os auxílios "sociais" concedidos pelo Governo Federal (como o Bolsa Família), a diminuição de acampamentos caiu drasticamente (quase 90% dos que buscavam um espaço já estão assentados) perdeu-se a razão de lutas mais agressivas em busca dos objetivos.
Uma pesquisa do Data Folha, de 1996, mostrou que para centenas de membros do MST, a razão para a entrada no movimento era atribuída a questões econômicas, ou seja, condições de pagar o que se come e onde se mora. Não que esse número signifique a Reforma Agrária brasileira. Segundo dados fornecidos pelo Governo Federal, entre 2003e 2007, 68,5% dos sem-terra foram assentados na Amazônia Legal. Bem longe das bases tradicionais das regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
A bandeira vermelha petista virou oposição para o MST. Segundo o professor da UNESP, Bernarndo Fernandes, "o papel atual do movimento é seguir lutando para o desenvolvimento a partir dos paradigmas que defendem o campo como lugar de vida, onde as pessoas possam produzir produtos saudáveis, recuperando ambientes degradados pela produção monocultura de grande escala".
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